quarta-feira, julho 18, 2007

Rejeitar H0 ?!



Durante as aulas de bioestatística na faculdade sempre aprendi que, se o risco de um evento acontecer ao acaso for menor ou igual a 5% devemos rejeitar H0. Pois caso contrário, estaremos frente a 4 possibilidades: H0 ser verdadeira e rejeitá-la, H0 ser verdadeira e aceitá-la, H0 ser falsa e recusá-la ou H0 ser falsa e aceitá-la. Sendo assim, tanto a primeira quanto a última são as mais preocupantes condutas; as quais tentamos arduamente evitar.
Nunca pensei que essas aulas pudessem ser úteis pra alguma coisa, a não ser para embalar os meus cochilos durante a falação do professor pontual, detalhista e compulsivo por beber água. Mas hoje, visto a situação em que me encontro concluo que essa bioestatística toda aplica-se também a circunstâncias da vida real. Sai do papel e dos livros para perturbar minha mente com bobagens. Porém, ao analisarmos bem de perto, até que existe uma certa lógica nessa teoria toda. Rejeitar ou não rejeitar H0, eis a questão! Citarei como exemplo o relacionamento humano, mais especificamente aquele entre homem e mulher. Se rejeitar H0? Estarei fazendo o bem a mim e as outras pessoas envolvidas?

Com o passar do tempo e com as experiências adquiridas ao longo dos anos da nossa vida, ora tendo que decidir entre rejeitar ou não H0, ora sendo a própria H0, fica nítida a impressão de que o quiquadrado (X2) tende a ter valores menores. Tornamo-nos mais exigentes e muitas vezes atribuímos muita importância ao desvio padrão, rejeitando H0. Com isso, deixamos de viver momentos únicos e mesmo que possivelmente fugazes, talvez tivessem potencial de nos proporcionar ao menos alegria temporária. Outras tantas vezes, nos decepcionamos, pois o acaso estava "gritando" bem debaixo do nariz e ainda assim aceitamos a hipótese.
No entanto, para decidir qual rumo tomar, precisamos antes de mais nada, determinar quais parâmetros compõe o quiquadrado. E digo que é algo extremamente individual...
Resolvi aceitar H0. Ver no que vai dar essa epidemiologia toda... A coorte da minha vida...
Outro dia estava pensando que, só depois de muito tempo fui entender o que o poeta quis dizer com aquela parte do seu famoso soneto: "... que seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure." É meu caro intruso, o AMOR, aquele pregado pelos cineastas, não existe! Então, a partir de agora, que seja eterno enquanto dure!! Se H0 for verdadeira durará mais tempo...
Hoje, me enquadro na prateleira dos escaldados em assuntos romancistas e sigo um lema médico: Primo no nocere! Logo, tomarei cuidado para não ferir meu coração; se é que isso está ao meu alcance.
Mas, enfim, eu nunca me dei bem nessa tal epidemiologia mesmo... De qualquer modo, aceitar H0 está me soando um bom palpite. Vamos ver até quando, né Vinícius?

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